Levantamento parcial do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) mostra que o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) fechou pelo menos 889 salas de aula em escolas de diversas cidades do estado.

A operação é classificada pela entidade como “reorganização disfarçada”, em alusão ao projeto de fechamento de 94 escolas que foi barrado depois de estudantes ocuparem 213 instituições de ensino, em 2015.

A pesquisa alcançou 38 das 94 diretorias de ensino do estado, o que indica, segundo a Apeoesp, que o número deve aumentar. Só na capital paulista são pelo menos 209 salas fechadas. Em Mogi das Cruzes, 107, em Mauá, 106, em Piracicaba, 73, em Araçatuba, 56 e em Birigui, 48 salas.

Em nota, a Secretaria da Educação negou que haja fechamento de salas e argumentou que as escolas têm autonomia para formar turmas de acordo com a demanda, levando em conta o número de matrículas. “As classes são criadas no início de cada ano de acordo com a demanda. Enquanto em janeiro de 2016 a rede tinha 3.708.920 matrículas, neste ano no mesmo mês eram 3.682.692 matrículas, mais de 25 mil estudantes a menos”, diz o órgão.

Na lista parcial de fechamentos está a escola Orígenes Lessa, de Diadema, que teria cinco salas fechadas, e a Albino César, da zona norte da capital paulista, com duas classes fechadas. A secretaria negou a informação e afirmou que nessas duas instituições foram abertas salas de aula, mas não informou quantas. “Apenas nos primeiros 15 dias de fevereiro foram abertas 954 turmas em todo o Estado por conta de matrículas efetuadas após o dia 1º”, diz o texto. “Cabe frisar que toda a demanda da rede é plenamente atendida.”

“Na escola que eu optei por dar aula foi fechado o período noturno e não fomos avisados. Acabei ficando sem aulas. Quando você vai a delegacia de ensino não tem nem informação se as salas vão fechar ou não e nós, professores, não temos como saber disso”, conta um professor de História na capital paulista, que se identificou apenas como Jimmy. “Eu peguei quatro aulas de manhã e quatro a tarde e para compensar as aulas fechadas no noturno estão querendo me mandar para uma escola muito longe da minha casa.”

Apeoesp informa ainda que a redução do número levado a superlotação de salas, problema que se arrasta na rede. A escola Rui Bloem, na zona oeste de São Paulo, está com média 50 alunos por sala, segundo relatos de professores. Ainda assim, estudantes que não conseguiram vaga na escola vizinha Alberto Levy, devido ao fechamento de classes na instituição, foram direcionados para a Rui Bloem.

Na Vila Prudente, na zona leste da capital paulista, a escola Professor Joaquim do Marco foi fechada. O prédio pertence à Igreja Católica e estava alugado para o estado. Os alunos foram transferidos para a escola Julia Macedo Pantoja, segundo o sindicato.(RBA)