Por Verônica Lazzeroni Del Cet

Jéssica dos Santos

Aprender música é para algumas pessoas um verdadeiro desafio, assim como tocar algum instrumento musical. Com as diversas possibilidades de ensino oferecidas, inclusive, nas redes sociais, aprender técnicas musicais se torna uma possibilidade para quem decide começar a tocar ou cantar de forma independente. Aliado a isso existem, claro, escolas de ensino, conservatórios e projetos sociais para todos que possuem o desejo em aperfeiçoar o aprendizado e que também almejam uma carreira na área musical.

Há pessoas que iniciam a carreira musical em casa, pois possuem algum instrumento e, assim, são levados pela curiosidade em aprender. É o caso de Jéssica Messias dos Santos, 17, que toca violão e violão clássico desde pequena e participa de um importante projeto social na baixada santista. “Comecei a tocar violão faz nove anos. No começo só queria tocar, porque tinha o instrumento em casa, mas depois comecei a gostar muito e vieram boas oportunidades também”, diz Jéssica que afirma participar de workshops de treinamento para aperfeiçoar técnicas musicais.

Jéssica participa do “Projeto Guri”, de caráter social, inicialmente direcionado a jovens que não tinham acesso à música. “Com o tempo, o projeto começou a criar os “grupos de referência”, pois era possível enxergar que haviam jovens muito engajados, dispostos em aprenderem mais”, conta Jéssica que foi convidada a participar de um grupo de referência do projeto guri após passar por processo seletivo. Hoje, ela e outros participantes do “Projeto Guri” representam o grupo de violão e o grupo de referência da região em que moram, a baixada santista. “Têm polos em cidades diferentes, cada região tem um grupo de referência. Existe o grupo de violão, o grupo de orquestra etc”, diz Jéssica.

Jéssica ainda conta que o projeto oferece chances que vão além de apenas aprender música. “O projeto oferece bolsas, intercâmbios, posso participar de apresentações, ou seja, lidamos com o meio musical desde cedo. Comecei no projeto guri e peguei gosto pela música”, diz. A jovem, que também frequenta conservatório, recorreu à internet quando começou a participar do Projeto Guri, tudo para otimizar a teoria musical. “Quando entrei no projeto, não tinha muita teoria. Tocava, mas não sabia ler partituras. No começo aprendi muito na internet, aprendia também sobre teoria musical, não só ler partituras”, diz Jéssica Messias.

Caique Moretto

Não só Jéssica, muitos outros usam sites como o YouTube para aprenderem música, seja com relação a própria letra da canção, como também sobre o instrumento, como no caso de Caique Moretto, 23, que está no meio musical desde os quatorze anos, e que aprendeu boa parte da técnica e teoria em sites da internet. “Antes de estudar em escola de música, eu buscava conteúdos de estudo em sites de música, fóruns, apostilas sobre teoria, exercícios práticos em redes sociais”, diz Caique.

Há três anos ele decidiu investir mais tempo na carreira musical, uma vez que toca bateria, contrabaixo e guitarra. “Gosto muito de estudar e o gosto pela música e pelos instrumentos foram vindo conforme o tempo, com relação aos estudos de instrumentos”, conta ele. Mesmo não mais usufruindo tanto das redes sociais para o aprendizado, Caique afirma que a internet ainda é uma ferramenta de ensino para ele, mas que utiliza somente quando quer aprender sobre equipamentos, novidades da área musical e também sobre acessórios.

Toda carreira profissional tem desafios, no caso da música não é diferente. Jéssica Messias comenta que o fato de não ser uma profissão valorizada, além da dificuldade em achar emprego, acaba gerando um grande empecilho a ser superado por quem é apaixonado e deseja seguir com a carreira. Ela, que frequenta conservatório, conta sobre a falta de estímulo e até mesmo oportunidades de entrar em contato com o mundo musical da música popular. “No conservatório tem muita música clássica, então aprendemos e desenvolvemos a parte técnica, só depois começamos a ver sobre música popular. É um processo difícil, mas hoje o conservatório tem uma mente mais aberta, há matérias quem envolvem música popular na grade de ensino, diferente de antigamente”, conta Jéssica.

Caique ainda acrescenta outro desafio, o fato da necessidade de ser disciplinado quanto ao aprendizado. “Nunca tive a disciplina necessária para estudar de forma independente, prefiro ter alguém para me cobrar com relação aos estudos, alguém que me indique o que devo estudar e em qual sequência”, diz ele. Para os apaixonados pela música, apesar de desafios e da persistência ao aprenderem teorias e instrumentos, resta dizer que a paixão vem muito antes de tudo que têm de enfrentar para cada dia mais otimizarem o aprendizado.