O sociólogo e pesquisador Jessé Souza rebateu em sua página no Facebook um artigo publicado por Celso Rocha de Barros na Folha de S. Paulo nesta semana, questionando a teoria de que a classe média, na verdade, usou a Lava Jato de pretexto para apoiar o golpe quando, na verdade, o motivo velado que a levou às ruas das principais capitais do País foi o ódio contra classes mais desfavorecidas, alimentado paulatina e discretamente pela grande mídia.

Para Jessé, a classe média não percebeu “a distorção sistemática da realidade” praticada pelos veículos da grande mídia que ajudaram a articular o golpe do impeachment para defender interesses das camadas mais ricas da sociedade.

Jessé atacou, ainda, o fato de Celso ter deixado o fator mídia de lado ao sustentar que a classe média não é manipulável nem agiu de maneira inconsciente ao protestar contra o fim da corrupção do PT.

“O silêncio de Celso é sintomático e expressa a mentira e a fraude mais importante para que o golpe tenha acontecido e esteja hoje realizando a maior regressão histórica em todas as dimensões da vida que este pais jamais viu: a negação do papel da mídia como partido político das elites internas e externas que se uniram para rapina da riqueza de todos em favor de meia dúzia.”

“O papel manipulador da mídia depende precisamente de que ela não seja percebida como um ‘ator social com interesses próprios’. Quando ele se pergunta, candidamente, talvez motivado por uma dúvida autêntica, por que o ressentimento da fração, mais conservadora da classe média contra a pequena ascensão social dos mais pobres não teria se mostrado antes, a ausência de qualquer referência ao papel da mídia é o dado principal e sem dúvida mais curioso”, diz Jessé.

“A classe média foi feita de tola e trocou a sacralização de seu ódio covarde e canalha contra os mais frágeis que ela explora por uma exploração agora sem precedentes de toda a população inclusive dela própria classe média. Agora ela vai ter que pagar caro pela universidade, pelo plano de saúde e agora também pela própria aposentadoria privada”, disparou. (Veja texto completo no GGN)