Por Camila Amaral Pereira

A sociedade com o passar dos anos tem apressado seu modo de viver. Enfatizando a aparência das coisas e desfocando na essência do ser. As pessoas mal acordam (ou literalmente nem dormem) e já vão para a luta do dia. O que não é uma culpa explícita delas, mas sim é a lógica de como o sistema funciona.

Vejamos bem, a mercadoria como célula fundamental do nosso modo de viver pautado no capital, que necessita da realização do valor (da aparência) vai produzir o chamado fetichismo da mercadoria. No qual, as pessoas vão se ver necessitadas dos consumos das mercadorias, que neste processo, a produção ganha “status” autônomo em relação a vontade humana, já diria o velho autor Marx.

Assim, não se produz para o humano e sim para os interesses do capital. Ou seja, produz-se muito mais do que a sociedade necessita. Então, o caráter social do trabalho é ocultado e a mercadoria é que ganha vida, por isso, adoramos “nosso carro moderno”, “nossos iphones”, “nossa casa nova” e desconsideramos o caráter social que o fizeram.

Lembra daquela música cantada pelo Zé Geraldo, Cidadão? “Tá vendo aquele edifício moço? Ajudei a levantar, foi um tempo de aflição, eram quatro condução, duas para ir, duas para voltar, … hoje depois dele pronto… eu não posso entrar (…).

É isso que acontece. E por aí vai, demonstrando que no nível do imediatismo, a relação dos dias de hoje é das coisas, sem falar no espetáculo da exibição nas redes sociais. E o ser humano, como que fica na essência?

Fica marcado pela desigualdade social da aparência (onde a busca incessante pela acumulação de capital, da propriedade privada, do individualismo, da competição, segrega as pessoas, que não tem oportunidades nem sequer parecidas para se defender), fragilizados e historicamente desesperados, pois a partir do momento em que o ser humano não se encontra, não compreende o porquê de tudo isso, ele vai em busca de alguma ajuda, geralmente espiritual, ou se torna apenas mais um, no meio da multidão.

Até tempo atrás essa busca se dava nas igrejas, por meio de conversas com padres, no intuito de um conselho, de misericórdia, de tentar entender e/ou desabafar/amenizar o sofrimento. Hoje tem aumentando bastante a busca por psicólogos, pessoas com formação e técnica para auxiliar na área mental, pois se parece que o que vem sendo trazido pelas pessoas são mais demandas psicológicas do que religiosas.

E o que tem aumentado esta demanda? Justamente o contexto social, marcado pelas esferas que regem a sociedade, sejam elas, as econômicas, as políticas, as culturais, as biológicas, entre outras. E o que fazer?

Não existe uma resposta pronta, mas percebemos que nessa sociedade do fetiche, o caminho que se é mostrado para sobreviver é o da busca pelo dinheiro, que é o passaporte para se comprar as mercadorias e os problemas continuam!

Acho que agora seria um bom momento para relembrar a música cantada pelo Raul Seixas “(…) pare o mundo que eu quero descer, … ter que pagar pra nascer, ter que pagar pra viver, ter que pagar pra morrer,… tá tudo errado, tá tudo errado (…)

Camila Amaral Pereira