ze-celso-em-bacantes-foto-renato-mangolinEm São Paulo – Com um time de 70 artistas, o Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona comemora os 20 anos de sua versão para Bacantes, livremente inspirada na obra de Eurípedes (480 a.C. – 406 a.C.). O grupo reestreia a peça em seu terreiro eletrônico, construído por Lina Bo Bardi e Edson Elito. A temporada segue até 23 de dezembro, com sessões aos sábados e aos domingos, sempre às 18h. Os ingressos passam a custar até R$60.

Com direção de José Celso Martinez Corrêa, a peça, atualizada a cada remontagem, narra a chegada do Dionyzio – o filho de Zeus e da mortal Semelle – à cidade de TebaSP, onde ele não é reconhecido como deus.

Penteu, que assumiu o poder depois de dar um golpe no próprio avô, quer proibir a realização do Teatro dos Ritos Báquicos nesse local. No entanto, um coro de Sátiros e Bacantes, que simboliza a multidão, o feminismo e as lutas sociais, devora-o em um banquete antropófago.

O vilão é uma referência à ascensão global do fascismo; ao pensamento da direita golpista no Brasil; ao legado do sistema racista, patriarcal, escravocrata e sexista; aos discursos de ódio; ao projeto neoliberal; e à eleição de Donald Trump para presidência dos Estados Unidos.

Em um retorno ao pensamento “selvagem” e “cosmopolítico” indígena, os dionisíacos demonstram como acabar com o trauma social deixado pelo capitalismo, pelo antropocentrismo e por sua mitologia do progresso sem limites, que busca a extinção de outras culturas, pensamentos, estéticas e visões de mundo.

Entre os muitos artistas que compõem o elenco, estão algumas figuras bastante conhecidas nos trabalhos da companhia, como Marcelo Drummond, Fred Steffen, Camila Mota, Sergio Siviero, Vera Barreto Leite, Carina Iglesias, Joana Medeiros, Letícia Coura, Roderick Himeros, Tony Reis, Sylvia Prado e Camila Guerra.

A trilha sonora do espetáculo tem canções de Zé Celso, influenciadas pelo Teatro de Revista, pelas famosas montagens do grupo para “Os Sertões” e pelas obras de Heitor Villa-Lobos e Paul Hindemith.

A “ópera eletrocandomblaica”, como a própria trupe a define, é executada por uma banda formada por Chicão (piano e teclados), Gui Calzavara (bateria e trompete), Mali Sampaio (baixo), Ito Alves (percussão), Moita (guitarra) e Letícia Coura (cavaquinho).

O rito das “Bacantes” foi encenado pela primeira vez na sede do Teat(r)o Oficina em 1996, no entanto, o grupo estuda a obra de Eurípedes desde 1983. Em 2016, a trupe completou seus 58 anos de carreira. (Carta Campinas com informações de divulgação)

Teatro Oficina – R. Jaceguai, 520, Bexiga, tel. 3104-0678. Reestreia: 28/10. Até 23/12. 340 min. 18 anos. Sáb. e dom.: 18h (dia 28/10, às 20h). Sessões especiais: qua. (2/11) e sex. (23/12): 18h. Ingr.: R$ 20 (moradores do bairro do Bexiga) a R$ 60.