vaca gadoA carne bovina produzida no Brasil poderá num futuro próximo receber um selo de ‘Carne Carbono Neutro’ (CCN) para certificar a sustentabilidade ambiental de sua produção.

A certificação ainda dependerá de negociações com os setores público e privado para a sua implantação e posterior transformação em selo.

O conceito Carne Carbono Neutro (CCN) está ligada à introdução obrigatória de árvores na pecuária para zerar a emissão de carbono. O sistema de integração pode ser do tipo silvipastoril (pecuária-floresta, IPF) ou agrossilvipastoril (lavoura-pecuária-floresta, ILPF), o que neutralizaria o metano entérico (exalado pelos animais), um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa que provoca o aquecimento global.

A presença de árvores influencia ainda no bem-estar animal. Segundo os pesquisadores da Embrapa, a sombra natural, além de bloquear a radiação solar, cria um microclima com sensação térmica mais agradável para o gado. Em experimentos realizados na Embrapa Gado de Corte, foi verificada a diminuição entre dois e oito graus Celsius na temperatura dentro do sistema. Além disso, com o conforto térmico, o animal alcança maior eficiência, como o ganho de peso.

carne carbono zero imagem divulgaDesde 2015, uma propriedade rural no Estado de Mato Grosso do Sul vem sendo avaliada para a produção do primeiro lote experimental de animais com base no protocolo CCN.

O pesquisador da Embrapa, Valdemir Laura, acrescenta que o carbono neutralizado fica armazenado no tronco das árvores. “Isso pode ser medido por uma fórmula com a qual se calcula o volume de madeira e, consequentemente, a quantidade de carbono fixada no tronco da árvore. Você faz o inventário florestal [medidas de diâmetro e altura das árvores], calcula o volume de madeira e a quantidade de carbono estocado. É inquestionável”, afirma.

Segundo ele, o sistema ideal deve ter entre 200 e 400 árvores por hectare. O estudo realizado na Embrapa Gado de Corte mostra que cerca de 200 árvores por hectare seriam suficientes para neutralizar o metano emitido por 11 bovinos adultos por hectare ao ano, sendo que a taxa de lotação usual no Brasil é de um a 1,2 animais por hectare.

“O conceito pode impulsionar a exportação, principalmente para o mercado europeu que é muito exigente. A perspectiva é melhorar a visibilidade da carne brasileira e promover maior adoção dos sistemas ILPF e IPF no Brasil”, destaca o pesquisador da Embrapa Gado de Corte (MS) Roberto Giolo. (Carta Campinas com informações de divulgação)