Por Luís Fernando Praga

qualé a tua
Qualé a tua?!

Teu desejo é que trilhem teu caminho,
E que teus dias passem, burocratas.
Te afligem a entrega e o carinho…
E o sereno e as serenatas.

Teus medos são sorrisos e abraços,
Temes que percas bens que não são teus,
Temes a incerteza dos teus passos,
A chuva, o trovão e o teu Deus.

Reprimes o querer da liberdade
E assim, só represas tuas dores.
A treva em ti ofusca a claridade
E vês um mundo só de pecadores.

Tens a cabeça sempre muito quente,
Vigias e vigias e vigias…
Teu mundo não acolhe o diferente.
Tens as entranhas sempre muito frias.

Mas eu cobiço o ciclo dos dias,
Os instantes que vêm além da curva,
A parte mais profunda das poesias,
E os pensamentos quando a mente turva.

Eu sou das línguas quando não odeiam.
Gosto das bocas quando beijam bocas,
Das mudanças que sempre me permeiam.
Eu sou do mundo das pessoas loucas!

Creio num amanhã muito bonito,
Nas surpresas trazidas pelo vento,
Em quanto é curto todo o infinito
E na grandeza eterna de um momento.

Eu quero é ter a Terra como amiga
E fazer desta esfera a nossa rua
E te quero a meu lado pra que eu diga
Minha vida é viver, qualé a tua?