Por Rafael Martarello

decko andre felipe de AssunçãoA discussão que envolveu Chico Buarque de Hollanda, Tulio Dek, entre outros, tem chamado muita atenção e gerado comentários nestes últimos dias. Confesso que quando li a notícia anunciando uma discussão entre Chico e o rapper Tulio Dek pensei, “com certeza reside ai uma boa discussão”, mas me enganei.

As críticas direcionadas a Chico passaram longe do nível das críticas ao governo feitas por um grande nome do Rap nacional, Eduardo Taddeu, o Edu ex Facção Central.

Não conhecia Tulio Dek e tive a mesma reação do Chico no vídeo, mas fui procurar rapidamente por sua biografia e músicas, e assim conhecer seu trabalho. Não que eu seja um especialista em rap, mas é meu estilo favorito de música desde os meus 8 anos de idade, e sou bem marcado pela mensagem do rap e pela forma de vida que transcende o que é passado em letras.

O Rap que estou acostumado a ouvir, é muito diferente do cantado por Tulio Dek, isto não significa de forma alguma que sua música seja ruim. Tulio manda mensagens da vida dele e de maneira positiva para o ouvinte. E eu sou acostumado com músicas com teor de crítica social, o que me aproxima de Chico.

Acredito que antes de mais nada é necessário a qualquer um ter respeito pela história de Chico Buarque, me refiro a sua história na luta política por um país democrático e com diminuição das injustiças. Estamos falando de uma pessoa que teve que sair do país por conta de sua opinião, em uma época que isto poderia levar a morte, e mesmo com este risco voltou ao Brasil. Este músico milita e faz críticas (atuais) em busca de melhorias de aspectos socioeconômicos, como também na valorização da identidade humana. Basicamente Chico Buarque é alguém que viu que o mundo é sujo, e tentou mudá-lo.

Faço questão de ressaltar o músico Chico Buarque, pois ele é de uma época em que se criava uma obra de arte musical com objetivo de ser admirada e externalizada. Muito diferente do contexto atual em que alguns artistas ofertam músicas a consumidores, e seu sucesso pode ser medido pelo “Fãsomêtro”, uma relação onde se cria apenas o que se vende. Se fosse do desejo do Chico Buarque fazer músicas com objetivo de vender, ele poderia colocar a batida do Rap em suas músicas, seriam ótimas críticas sociais.

Ao que me parece os críticos em questão de Chico Buarque não conhecem suas convicções, em que ele abertamente diz votar em outros partidos e junto a outros artistas encabeçam um manifesto para o prosseguimento do “processo democrático”. Nunca houve um apoio de Chico a qualquer tipo das irregularidades que estão sendo apuradas.

Me incomoda em ver um pessoa em seu momento de lazer – como temos visto – e em seu bairro sendo perturbada, como se elas fossem as culpadas. Não deixo de imaginar como seria esta situação com o rapper Mano Brown – que apoia o PT a partir das mudanças positivas que ocorreram à população até então esquecida. Mano Brown andando tranquilamente pela sua quebrada até chegar Tulio Dek para trocar uma ideia com ele e pondo dedo na cara. Acho que a resposta viria pela composição musical do Racionais Mc’s “Hey boy”.

A Chico Buarque, que não conhecia Tulio Dek deixo aqui uma frase de uma de suas canções “Terra de ninguém”:
– “E segue andando como se nada fosse, fique atento porque até burro dá coice” …