ag brasilEmpresas com altas dívidas com governos estaduais e federal são as maiores financiadoras de campanha eleitoral de deputados. Ou seja, a democracia brasileira é financiada por mega empresas que não pagam impostos.

Isso ajuda a entender um pouco a crise financeira do governo federal e a dificuldade de fechar as contas.

A Receita Federal divulgou recentemente as 500 empresas com maiores dívidas com o governo. Algumas dessas empresas são grandes doadoras eleitorais.  Elas devem R$ 392 bilhões ao governo, mas são generosas nas “doações” eleitorais.

E parece que o negócio funciona bem para o caixa das empresas, já para a população… Veja o caso do Bradesco, que em 2014 doou 20,3 milhões para 113 deputados de 16 partidos. O Bradesco detém a segunda maior bancada eleitoral. Mas esse valor é uma pechincha perto da dívida somente com o governo federal. O Bradesco deve R$ 4,8 bilhões.

Veja a Vale do Rio Doce, que conseguiu a terceira maior bancada de deputados. A empresa elegeu 85 deputados de 19 partidos (!). Gastou uma mixaria de R$ 17,7 milhões perto da dívida que tem com o governo federal, que é de nada menos do que R$ 41,9 bilhões. Ou seja, se a Vale quisesse, ela poderia comprar todos os 500 deputados com uma porcentagem mínima da dívida.

A maior bancada de deputados é da JBS-Friboi. Ela tem deputado de todas as raças. Assim como tem muito boi no pasto, a empresa ajudou a colocar muitos deputados nos cercadinhos da Câmara Federal. Empresas do grupo JBS gastaram R$ 61,2 milhões para ter 162 cabeças de deputados de 21 partidos diferentes.
O mais interessante é que o JBS já conseguiu este ano o perdão de R$ 1 bilhão em dívidas com o estado de Goiás. Uau!

A Brasken, do grupo Odebrecht, tem dívida de R$ 2,6 bilhões como o governo federal. A Odebrecht doou R$ 6,5 milhões para 62 deputados. Até o banco espanhol, Santander, financia a democracia brasileira e tem dívida de quase R$ 1 bilhão com o governo.

E assim se poderia fazer um bom estudo sobre as 500 devedoras do governo.

Essa é a democracia brasileira do financiamento empresarial. Uma democracia barata para grandes empresas que têm dívidas com os governos. Uma democracia que beneficia poucos empresários de mega empresas e o restante dos empresários do país e a população pagam a conta dessa farra.  (Glauco Cortez)

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