Foto Ricardo Schiavinato - Nata da SerraMudanças técnicas introduzidas em fazenda agroecológica, localizada em Serra Negra, interior de São Paulo, fez a produção de leite ser quadruplicada. A fazenda Nata da Serra passou de uma produção de 250 litros de leite por dia para 1.200, segundo o produtor Ricardo Schiavinato em um período de 10 anos.

A mudança ocorreu com a introdução de tecnologias sustentáveis e de metodologias desenvolvidas pela Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP), denominada de Balde Cheio, que tem como foco, principalmente, a qualidade do pasto para alimentação das vacas e a melhoria da genética dos animais.

A Nata da Serra foi a primeira propriedade orgânica a aplicar as soluções de pesquisas até então utilizadas apenas em propriedades convencionais. De acordo com o pesquisador Artur Chinelato de Camargo, o desafio foi substituir métodos tradicionais, como as adubações químicas, por compostos orgânicos e os medicamentos alopáticos por fitoterápicos ou homeopáticos, mantendo a alta produtividade alcançada por fazendas tradicionais.

A primeira mudança foi dividir  a pastagem em piquetes, adubar e irrigar. A produção aumentou e, então, apareceram novos desafios, como o de ter animais mais aptos para a atividade leiteira.

Assim, com a utilização dos conhecimentos de pesquisas, principalmente em manejo de pastagem e melhoramento genético do rebanho, Schiavinato saltou de uma produção anual de 2.200 litros de leite por hectare, em uma área de 45 hectares, para cerca de 20 mil litros em metade da área inicial. Atualmente, a atividade leiteira ocupa 25 hectares da fazenda.

Com o passar do tempo, a propriedade passou a ser referência para as demais Unidades Demonstrativas do projeto pelo uso de técnicas sustentáveis. Além disso, os bons resultados servem de incentivo para outros produtores orgânicos, como Junior Saldanha, de São Carlos (SP). Certificado há um ano, o agricultor tem conseguido lucro com o leite orgânico. A produção diária atual é de 750 litros, mas a previsão para o próximo ano é de mil litros ao dia.

Saldanha trabalhou durante dez anos na atividade leiteira convencional. Há mais de dois anos iniciou a conversão para o sistema orgânico e, em outubro de 2014, conseguiu a certificação.

Nesse inverno, com apenas 30% do sistema de irrigação em funcionamento, ele economizou dinheiro, porque necessitou de uma quantidade menor de concentrado de soja para as vacas. Na área irrigada, cultivou espécies forrageiras de clima temperado, em consórcio com braquiária, que têm bom potencial de produzir forragem para alimentação de vacas leiteiras mesmo em época fria, mas necessitam de umidade para seu desenvolvimento. Dessa forma, ele diminuiu os gastos com o fornecimento de suplementação e melhorou a disponibilidade de pasto.

Chinelato diz que os conhecimentos e as recomendações técnicas do programa são praticamente os mesmos para os dois sistemas: convencional e orgânico. “O processo de ordenha, irrigação para intensificação do uso da terra, altura de entrada e saída dos animais dos piquetes são os mesmos. O que muda são as restrições do modelo orgânico, como o uso de fertilizantes químicos e agrotóxico”, esclarece o pesquisador. A base do programa é igual: pasto de qualidade e melhoramento genético dos animais.

Na contramão do que acontece com alguns setores brasileiros, a produção orgânica está em expansão no País. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o mercado de produtos orgânicos, desde 2009, cresce em média 25% ao ano. Nesse segmento, o leite orgânico e seus derivados também ganham espaço. Mas a demanda ainda é maior do que a disponibilidade.

Para participar, produtores e técnicos devem entrar em contato com o coordenador ou instituição responsável pelo programa em sua região. (Carta Campinas com informações de divulgação)