O Bardo AraújoHá muitos anos, numa casinha situada entre duas igrejinhas, um tatara-trisavô do Araújo vivia uma fase difícil e precisava sentir-se mais feliz e realizado, então passou a convidar amigos para trocar ideias, matar a fome, a sede e a carência.

Araújo (chamarei a todos os Araújos de Araújo, independente do grau de parentesco com o primeiro Araújo) notou que as carências, dos mais variados tipos, eram inerentes ao ser humano, assim como certa inquietude meio torturante, então fez de sua casa um lugar onde as pessoas podiam trocar impressões sobre esses sentimentos e sobre as coisas da vida e da morte com total liberdade.

Com o passar do tempo o movimento aumentou e a casinha tornou-se uma taberna, que manteve a tradição de bem servir e de cozinhar com prazer, simplicidade e carinho até o último cliente.

Araújo percebeu que as pessoas eram muito diferentes entre si e que as diferenças não as afastavam da condição de serem seres humanos, por isso, ninguém era melhor nem pior, todos eram a mesma coisa, mas diferentes.

Ele ficava tão intrigado e aprendia tanto com as diferenças que passou a pedir aos clientes que deixassem seus pensamentos escritos nas paredes, nas mesas e por todo canto daquela humilde bodega, mas pedia que não assinassem, para que no futuro pudesse ler e aprender livremente sobre aquela ideia, desvinculada do autor.

Recebia gente de todo tipo e quando digo todo tipo, é todo tipo mesmo. Atendia a todos com a mesma prontidão e gentileza porque gostava muito do seu trabalho. Sabia que ninguém precisava ter um bar para ser feliz, mas que era essencial que todos gostassem muito de suas ocupações, pois se ocupariam delas por muito tempo em suas vidas e as vidas deviam ser mais felizes do que infelizes.

Ele entendia que muitos dos problemas humanos vinham do fato de que as pessoas trabalhavam pensando em ganhar dinheiro para depois ver o que faziam com ele, e deixar o agora pra depois, só por causa de um papelzinho sem nenhuma poesia ou história escrita, pro Araújo era um infeliz equívoco. Araújo preferia viver para viver e sabia que seu trabalho tornaria sua vida mais agradável e completa.

Alguém um dia escreveu numa parede do bar e Araújo concordava: “Se alguém varre as ruas para viver, deve varrê-las como Michelângelo pintava, como Beethoven compunha, como Shakespeare escrevia.”.

Araújo não fazia as coisas por dinheiro. Ele realmente se alegrava de ver alguém repondo suas energias com um alimento preparado por ele, ver pessoas conversando animadamente e regando suas ideias com a bebida que ele servia, sentar-se à mesa com amigos e conversar sem compromisso. Araújo gostava de plantar sua comida e produzir sua cerveja. Araújo gostava de estar com gente.

Ele aceitava as mais diversas formas de pagamento. Se alguém escrevesse uma frase que o fizesse pensar muito, já estava bem pago. Se alguém entrasse chorando e saísse sorrindo, já estava bem pago. Se alguém o fizesse sorrir num dia triste, estava bem pago. Se alguém pudesse ajudar com a arrumação da cozinha, ou servindo as mesas, cantando ou tocando um instrumento, cozinhando algo especial num dia especial, declamando poemas, contando histórias ou piadas, levando alguma muda ou semente para ser plantada, uma receita nova, uma roupa, tudo era muito bem aceito, às vezes um simples abraço valia para que ele pudesse continuar fazendo o que gostava e apreciando a vida.

Ser atendido por quem gosta de fazer o que faz, fazia toda a diferença e como a clientela do Araújo envolvia todo tipo de gente, ele passou a conhecer escritores que gostavam de escrever e ofereciam seus livros ao Araújo como forma retribuir ao seu serviço. Conhecia médicos que gostavam de ser médicos para zelar pela saúde de seus semelhantes e o ajudavam, ou a alguém de sua família ou a um cliente do bar com algum problema de saúde. Havia professores que gostavam de lecionar e ver seus alunos aprendendo a pensar. Havia advogados que gostavam de ser advogados para promover a justiça. Havia cientistas que gostavam ser questionadores, investigar os desconhecidos e descobrir soluções. Havia filósofos que adoravam o fato de a vida ser um mistério a ser desvendado. Havia religiosos abnegados e caridosos que davam suas vidas para trazer mais conforto e paz a outros seres humanos. Para essas pessoas e para o Araújo, suas ocupações, por si só, já eram mais valiosas que qualquer salário que pudessem render.

Ele fazia amizade com pessoas de muitos lugares e ocasionalmente algum amigo se oferecia para tomar conta do bar por uma semana, um mês, para que o Araújo pudesse viajar, conhecer o mundo e visitar amigos distantes na casa dos quais se hospedava.

Mas o mundo não era o Bar do Araújo. Araújo precisava de algum dinheiro para pagar impostos ao governo e não ter suas portas fechadas pelas autoridades competentes.

Araújo achava estranho ter que pagar imposto para o governo, porque para o Araújo, o próprio governo era imposto, não precisava. Ele achava errado ensinar para crianças que uma sociedade onde os seres humanos pudessem ter autonomia sobre suas escolhas e conviver em equilíbrio era uma utopia, mas ter um ser humano sozinho dizendo o que muitos outros deviam fazer e podiam receber era o que estava certo.

Havia uma frase logo na entrada do bar que parecia ser de alguém que concordava com o Araújo, pois o Araújo concordava com a frase: “Anarquista é, por definição, aquele que não quer ser oprimido, nem deseja ser opressor; é aquele que deseja o máximo bem-estar, a máxima liberdade, o máximo desenvolvimento possível para todos os seres humanos.”

A igreja à direita do bar, que não precisava dar dinheiro ao governo, pregava um tipo de liberdade na qual cada fiel, que era um filho de Deus e merecia prosperar. A igreja à direita atrelava a definição de prosperidade ao enriquecimento econômico, ao acúmulo de bens e à propriedade privada.

Araújo, que já havia encontrado muita gente triste em sua vida, acreditava que o indivíduo que “prosperasse” baseando seu sucesso no acúmulo de coisas, estava tirando coisas de outro, tirando coisas do planeta, estimulava a competição por bens esgotáveis, acabava por valorizar mais os bens produzidos do que a vida de quem os produziu, tirava a dignidade de seres humanos que nasciam acreditando que viver era produzir coisas para alguém acumular e tornava a sociedade corrupta e prostituída, capaz de fazer qualquer coisa por dinheiro.

Isso lembrava uma frase deixada numa das mesas: “Não se mede o valor de um homem pelas suas roupas ou pelos bens que possui, o verdadeiro valor do homem é o seu caráter, suas ideias e a nobreza dos seus ideais.”.

Enriquecer criando abismos sociais, à custa do trabalho de quem vive em condições sub-humanas, fazia a pessoa viver iludida e morrer infeliz, no auge daquela inquietude torturante, carente de sentido e isso não parecia próspero ao Araújo.

A igreja à esquerda do bar também não precisava pagar impostos ao governo e pregava que todos os seus fiéis fossem tratados da mesma forma, pois todos eram filhos de Deus e mereciam o mesmo respeito e os mesmos benefícios, para que prosperassem juntos.

Araújo apreciava essa visão, pois não dependia de se explorar uma parte para que a outra se beneficiasse e sim da distribuição justa de recursos escassos. Mas na prática, as pessoas não precisavam todas das mesmas coisas. As carências eram diferentes e individuais, assim como a noção de prosperidade. Não funcionava que alguém decidisse o que era melhor para todos, pois a este caberia um poder cruel, um poder que também iludia, corrompia e fazia aflorar um ser humano vaidoso, oportunista e manipulador.

No mundo fora do bar, ambas as igrejas foram abertas e eram administradas por pessoas que tinham uma ocupação: ser pastor.

Cada igreja cultuava um Deus com determinadas características e dizia que este era o Deus de todas as pessoas. O pastor garantia ter sido escolhido por Deus para transmitir seus ensinamentos e a vontade divina para as pessoas da Terra. Ele arrebanhava fiéis, como um pastor de ovelhas arrebanha ovelhas, o que garante às ovelhas a condição de se tornarem animais arrebanhados, que servem a uma nobre finalidade a qual as ovelhas desconhecem. As ovelhas e os fiéis confiavam que o pastor só queria o seu melhor, então lhe entregavam o seu melhor, sua liberdade e o controle de suas vidas.

Araújo chegou a cogitar que o governo não cobrava impostos das igrejas porque talvez fosse mais fácil controlar os eleitores que já pensassem parecido com as ovelhas.

Os pastores garantiam a prosperidade e, no caso de quem não viesse a prosperar, garantiam o reino dos céus, que era um lugar bem mais legal do que a Terra e que seria alcançado só depois da morte. Tanto a prosperidade quanto o reino dos céus estavam assegurados para pessoas que aceitassem aquele Deus e obedecessem a certas regras que o Deus, todo bondade e compaixão, havia confidenciado ao pastor. Quem não se enquadrasse naquele perfil a tempo seria desconsiderado pelo Deus daquela igreja, que reservava para estes, depois da morte, um lugarzinho pior do que o reino dos céus e pior do que a Terra, chamado inferno, que era inclusive administrado por um desafeto do Deus.

O Deus da igreja da direita, segundo seu pastor, passou a se mostrar cada vez mais seletivo quanto a quem poderia desfrutar do reino dos céus e em contrapartida, aumentava o leque de predicados e atitudes que levariam o vivente, depois de morto, para o inferno. Passou a gostar mais de quem frequentasse os cultos com roupas elegantes. Passou a dar especial atenção e uma mãozinha extra pra puxar ao reino dos céus, àqueles que contribuíam com um dízimo maior. Passou a impedir a entrada de pessoas mal vestidas e diferentes do padrão que Deus impunha. Olhava de soslaio para as pessoas negras que entrassem em sua igreja, pois em regra as pessoas pretas daquela região eram recentemente libertas da escravidão e pouco podiam contribuir com o dinheiro que Deus gostava de receber, mas se o preto fosse rico, abria-se uma exceção.

Alguns fiéis mais antigos deixaram de frequentar o culto da igreja à direita porque seus suados dízimo e vestuário os deixavam constrangidos perante a nova preferência elitista de Deus. O perfil dos fiéis da igreja à direita foi se tornado cada vez mais rico e inflexível com os pobres, os pretos, os homossexuais, mães solteiras, e marginais, porque àquela altura Deus já instruíra ao pastor da igreja à direita que a função dele e de suas ovelhas na Terra era correr atrás de dinheiro e varrer do planeta aquele tipo de câncer.

Araújo não entendia bem porque o Deus da direita queria tanto que as pessoas fossem castigadas, humilhadas, desrespeitadas e sofressem tanto pelas mãos de seus fiéis aqui na Terra, já que iriam mesmo pro inferno depois.

O pastor da igreja à esquerda passou a receber e proteger os fiéis dissidentes da igreja à direita e garantir que o Deus de sua igreja não fazia diferença entre as pessoas. O pastor passou a ser muito querido e influente entre seus fiéis, mas era difícil explicar porque, apesar de aceitarem seu Deus, alguns fiéis, como pode acontecer com todo ser humano, sofriam, eram assaltados, morriam de doenças terríveis, perdiam seus empregos e seus entes queridos. O pastor percebeu que não dava para garantir toda aquela prosperidade para todo mundo, mas não queria perder o amor de seus fiéis, o poder sobre suas decisões e nem o dízimo que se habituara a receber e que dava a chance de que ao menos ele prosperasse, então passou a fazer discursos cada vez mais eloquentes em que questionava a fé daqueles fiéis que por um motivo ou outro se davam mal.

Os pastores eram seres humanos bastante carismáticos e isso atraía ovelhas para seu rebanho. Sentir-se capaz de conduzir o destino das pessoas e saber se beneficiar disso fazia vislumbrar um poder muito tentador para os pastores, um poder ilimitado, a prosperidade em seu grau mais extremo.

Mas Araújo já vivera muito tempo e observara muitos detentores desse tipo de poder morrendo arrependidos da vida que levaram. Para ele tal poder era a ilusão em seu grau mais lesivo. Araújo há tempos trocara a vontade de dominar e influenciar os outros, pela vontade de ter mais controle sobre si próprio.

Buscando não perder fiéis para igreja do outro lado, os pastores passaram a dividir o tempo usado para pregar a palavra de Deus, com acusações e ofensas contra a igreja vizinha. Em pouco tempo os cultos serviam mais para dizer que os outros estavam errados e que combatendo os outros é que se chegava ao reino dos céus.

Criaram-se então legiões de fiéis cheios da certeza e ódio. Os da direita não eram capazes de ver os da esquerda como seus semelhantes humanos, mas como aberrações satânicas, estúpidas e inferiores. Os da esquerda tinham total convicção de que os da direita não prestavam e não mereciam dividir o mesmo mundo com eles.

Isso fazia Araújo se lembrar de uma frase que alguém havia escrito num canto de parede perto do balcão: “Uma crença muito forte demonstra apenas sua força de acreditar, não a verdade daquilo em que acredita.”.

Araújo via muita gente tendo muitas certezas sobre verdades muito opostas e preferia não tomar partido de nenhum dos lados, não por se posicionar em cima do muro, mas por se julgar no direito pensar diferente de ambas as igrejas. Araújo respeitava as pessoas e os pensamentos diferentes e não ficava aflito por mudar os outros para que ficassem parecidos com ele, mas morreria pelo seu direito de pensar e se expressar.

Ele não via sentido em viver insatisfeito com a vida, queixando-se de atitudes alheias, dizendo que “esse mundo está perdido”, pelo simples fato de não concordar com o modo como os outros conduzem suas vidas. Tornar desagradável e menos nobre a experiência de viver, apenas porque alguém faz coisas que ele não faria, parecia ao Araújo o pior dos desperdícios.

Ele sabia que havia muitas outras igrejas, algumas mais tolerantes e menos preocupadas em apontar defeitos. Ele sabia que cada igreja defendia valores e princípios que se adequavam melhor ao perfil de um ou outro tipo de fiel. Sabia também que muitas pessoas buscavam respostas além das que as religiões podiam dar e achava justo todo tipo de questionamento, porque considerava que a vida era uma dádiva cheia de mistérios e ter dúvidas era mais natural e salutar do que ter certezas.

Claro que os dois pastores rivalizavam entre si, a fim de não perder fiéis um para o outro, mas ambos passaram a se preocupar com as ideias subversivas do Araújo, porque uma ovelha domesticada pode mudar de pastor quantas vezes for preciso e nada mudará em sua índole, mas a ovelha que conhece a liberdade corre o risco de nunca mais se prestar à servidão, de optar por seguir seu próprio caminho, observar melhor os ciclos naturais, aprender com erros e acertos, avaliar as consequências de suas decisões, se tornar mais equilibrada e considerar menos relevantes as decisões tomadas por medo, por coação, por promessas vazias e pelo comportamento de rebanho.

Uma ovelha assim jamais seguiria um pastor e jamais pagaria o dízimo, então tudo que acontecia no Bar do Araújo passou a ser considerado pecaminoso e satânico por ambas as igrejas.

Os pastores não aceitavam que alguém optasse por buscar alento na prosa doce e na água ardente servidas no Bar do Araújo ao invés de procurar no discurso de medo e na água ungida que serviam nas igrejas.

Sugerir respostas diferentes das que estavam escritas em um livro sagrado passou a ser garantia de inferno instantâneo. Aceitar as diferenças, as diversidades sexual e religiosa, as artes mundanas, o amor acima de todas as coisas e lutar pela liberdade, era como morder a isca do próprio satanás e tudo isso deveria ser combatido fervorosamente.

Araújo já vivera momentos parecidos com aquele, quando padres (que são como os pastores, mas de outra igreja) tentaram acabar com as bruxas, mas as mulheres livres, independentes, apaixonadas e inteligentes (que eram as bruxas), continuaram existindo. Outros tentaram acabar com os judeus, mas eles continuam existindo. Tentaram acabar com os negros, mas eles continuam existindo. Tentaram acabar com os muçulmanos, índios, nordestinos e também não conseguiram. Os diferentes continuavam existindo.

Mesmo assim, o Bar do Araújo passou a ser perseguido, difamado e atacado por suas duas vizinhas de lado. As pessoas doutrinadas a odiar o Araújo não se preocupavam se tinha boas intenções, se ele tinha sentimentos, se tinha esposa, mãe, pai ou filhos pequenos. Odiavam a tudo isso e bem odiado mesmo!

Mas Araújo conhecia fiéis de boa índole, tanto na igreja à direita quanto na da esquerda e isso era o lado bom de uma situação com cara de ruim. Apesar de tudo, ele era capaz de ver maravilhas num mundo que tinha problemas. As maravilhas estavam pra todo lado e os problemas vinham das intolerâncias, por isso ele não acreditava mais quando diziam que determinado grupo precisava ser dizimado. Ele sempre enxergava os interesses escusos e a ignorância andando de mãos dadas.

Ele não acreditava que um Deus pudesse realmente querer uma violência dessas, pois sempre lia em suas paredes ideias lindas e inteligentes escritas por pobres, como “Amai-vos uns aos outros” e “Não julgueis para não serdes julgados”. Por pretos, como “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo” e “Sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos”. Por homossexuais, como “Nunca imites ninguém. Que a tua produção seja como um novo fenômeno da natureza” ou “Quando se aprende a amar, o mundo passa a ser seu”. Então Araújo não via razões para considerar menos a essas pessoas.

Ele entendia que a liberdade ameaçava estruturas muito antigas, que dependiam de pessoas domesticadas e que por isso era perseguido e hostilizado, mas confiava mais em sua consciência do que no julgamento de pessoas sabidamente intolerantes e sua consciência dizia que ele não era mau por pensar diferente dos pastores.

Como a violência nascia da intolerância, Araújo pensava que a vida doeria menos se as pessoas se esforçassem mais na tentativa de tolerar. Da tolerância poderia, com alguma fé, nascer o respeito, do respeito, a admiração, da admiração, o amor. Por trás de todas as diferenças e das partes que pudessem parecer menos admiráveis, sempre havia uma pessoa amável pra se amar, se querer bem, desejar sua evolução, sua liberdade e sua felicidade.

Então, apesar de ser minoria, de algumas vidraças quebradas, dos xingamentos, de ser vítima de ódio e de constrangimento, Araújo continuou seu trabalho com o mesmo prazer de sempre, porque não sabia odiar e acreditava que algum dia a humanidade deixaria para trás alguns erros insistentemente repetidos.

O bardo Araújo resiste até hoje e tem aberto franquias nas mentes livres, esperançosas e sonhadoras.