Por Isabela Kanupp

Val KerrySabemos que a desconstrução dos conceitos pré-estabelecidos dentro da nossa sociedade tem que começar cedo. Quanto antes começarmos a desconstruir, melhor será para todos. Muitas questões sutis do nosso dia a dia reproduz padrões machistas e opressores.
Muitas das coisas que falamos para nossos filhos – e qualquer outra criança – por mais boba que pareça, tem grande influência sobre sua vida. Principalmente quando vivemos em uma sociedade patriarcal. A forma como agimos também pode ser limitadora ou libertadora de acordo com a educação que transmitimos. Eu escolhi uma educação não sexista, uma maternidade feminista.

Nunca diga para seu(sua) filho(a) que ele(a) não pode fazer algo porque é menino(a)
Quando você diz para crianças que elas não podem fazer determinada atividade, esporte ou brincar com determinado brinquedo por conta de sua genital, além de não ter o menor sentido, você ainda limita a infância do seu filho, fazendo com que ele não tenha experiências positivas com brinquedos e brincadeiras que podem ser perfeitamente executadas por qualquer criança.

Nunca diga que seu(sua) filho(a) está gordo(a) e que não arranjará uma(um) namorada(o).
A obesidade infantil é algo crescente e alarmante, porém nunca diga para o seu filho que por ele estar gordo (ou gorda) não arranjará alguém. Primeiro porque temos que ensinar as crianças a terem hábitos saudáveis e uma vida não sedentária para além disso, segundo porque crianças não namoram e terceiro porque “arranjar um namorado(a)” pode não ser o objetivo de vida do seu filho(a). Se o seu filho está acima do peso e isso pode acarretar problemas para a sua saúde, o incentive a praticar esportes, ter uma alimentação mais saudável, ensine-o a se preocupar com sua saúde e fazer isso por ele, não pelos outros!

Nunca diga que meninos não choram!
Não reprima os sentimentos dos seus filhos, crianças no geral choram, é uma forma de se comunicar e mesmo quando já falam é uma excelente forma de se expressar. Não reprima seu filho dizendo que chorar é “coisa de menina” e dizendo que meninos não choram. Meninos também podem – e são! – carinhosos, sentimentais e humanos como todos nós.
Nunca compare seus filhos com outras crianças reforçando padrões.

“Olha como o fulano é magro”, “Olha como o cabelo da fulana é bem cuidado/grande”, isso só reflete a visão que nós, adultos e cheios de preconceito, carregamos do mundo. Reforçando padrões de beleza que de nada irá beneficiar seu filho, apenas gerando mais opressão. Reforce os pontos positivos do seu filho e não ensine sua filha a competir com outras meninas, quebre esse ciclo.

Nunca diga “pede para sua mãe”.
Quando uma criança pede para executarmos uma tarefa, primeiro que ela quer que NÓS executemos e não outra pessoa. Quando jogamos essa tarefa – que geralmente, pode ser algo relacionado a uma tarefa “de mãe” dentro do senso comum da nossa sociedade -isso é uma forma – mesmo que sutil e não intencional – de jogar a responsabilidade apenas para a mulher. Se mostre pró ativo para seus filhos, mostre que também é responsável por eles tanto quanto a mãe, mostre que pai também faz e que pai também sabe. Seja o exemplo.

GETTINGClaro que existem diversas outras coisas para não dizermos. Tentei ser breve e objetiva. Entender que o que falamos tem influência tanto externa, quanto influência do que nossos filhos irão absorver do mundo, é fundamental. Por uma maternidade feminista. Por uma educação não sexista e libertadora.

Maternidade Feminista é muito além de igualdade, é educar com respeito, respeitando os sentimentos, os quereres e as individualidades de cada criança.
Por uma maternidade feminista. A sociedade agradece. (Isabela Kanupp/ Do blog ParaBeatriz)