Mãe

Ah, mãe, a homenagem vai como um relato, só pra dizer o quanto te admiro, que sinto o teu amor antes de nato e ainda hoje é nele que me inspiro. Tornaste as carnes tuas, partes minhas e teu amor se fez meu alimento, por mim te arredondaste em lindas linhas e tudo teu se deu ao teu rebento! Foi tão seguro e terno estar em ti, na pura paz macia do teu mundo, até que o escuro eterno onde existi, cessou à luz de um despertar profundo. Liberto das membranas delicadas, as que me protegiam, lá, de estar aqui, nove meses de lágrimas guardadas, rolaram pra avisar que eu já nasci. Teu sangue, num milagre, fez-se em leite e o teu colo foi meu paraíso, tua simples presença, o meu deleite e o meu enfeite era o teu sorriso. Derramaste-me a paz e a esperança e todo o querer bem do teu olhar, pra que o adulto hibernado na criança, chegasse sem saber como odiar. O que aprendi contigo vale a vida e se nem tudo, mãe, saiu ao planejado, releve e segue leve, alma querida, que em todo certo cabe um tom de errado. Naturais, quais os teus ensinamentos, palavras fazem verso em minha prosa, coisas, pessoas, mudam como os ventos e eu sei que natureza e milagrosa. Eu aprendi das efemeridades, que a tolerância é a cura do louco, dos perigos ocultos nas vaidades e que o tudo que eu sei é muito pouco. É pena, minha mãe, que a nossa Terra se furte a ver em sintonia fina e que machista marche rumo à guerra e oprima tanto a essência feminina, o que não diminui teu coração, que intentou tão nobre tentativa, por tudo, mãe, mística proteção, cultivo a tua imagem doce e viva, sou nada sem teu ser e todo gratidão!