Foto Rogério Correia
Deputado mineiro Rogério Correia

A lista de Furnas, uma denúncia desvios de recursos nas Estatal Furnas, em Minas Gerais, e que ainda não foi devidamente investigada possui o nome de 156 possíveis políticos. Entre eles, está o nome de um candidato a deputado federal chamado Carlos Sampaio, nome igual ao do deputado campineiro Carlos Sampaio (PSDB).

A lista consta nomes, principalmente, de possíveis políticos  do PSDB, mas também de outros partidos (PFL, PP, PMDB, PL e PTB) que teriam recebido recursos da estatal Furnas Centrais Elétricas. O PSDB alega que a lista de Furnas é falsa, criada por possível estelionatário, Nilton Monteiro.

A confirmação do nome Carlos Sampaio na lista foi feita pela própria assessoria do Deputado Rogério Correia (PT-MG) ao Carta Campinas, que enviou imagem da documentação (Ver abaixo). Correia foi um dos deputados que entregou a documentação para o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot. O nome Carlos Sampaio aparece ao lado do valor de R$ 50 mil, um dos menores valores da lista.

Para que não caia falsas acusações contra os políticos ou nomes listados, é preciso que a Procuradoria Geral da República investigue o caso. E isso agora pode acontecer já que os documentos estão na mão do procurador.

Os fatos que antecederam a entrega de documentos ao procurador Rodrigo Janot referem-se à Operação Lava Jato, da Polícia Federal, no Paraná. O doleiro Alberto Youssef entregou Aécio Neves na operação e o vídeo da gravação está na internet. Aécio Neves recebia, segundo o vídeo, de 100 mil a 120 mil dólares por mês num esquema que durou quase todo o governo FHC (Fernando Henrique Cardoso), por meio da empresa Bauruense, que prestava serviços para a estatal Furnas.

Youssef informou que o deputado José Janene, PP/PR, lhe disse mais de uma vez que “dividia” com Aécio uma diretoria de Furnas, e que o dinheiro da corrupção era entregue em duas frentes, uma para Janene, outra para a irmã de Aécio.  Estes dados passados agora por Youssef confirmam outras denúncias constantes de outro inquérito do Ministério Público sobre corrupção envolvendo Furnas e a empresa Bauruense.

Um laudo de exame documentoscópico (mecânico e grafotécnico ) 1097/2006 do Instituto Nacional de Criminalística do Departamento de Policia Federal concluiu que a lista é autêntica e não houve nenhum tipo de montagem, fraude ou manipulação no documento.

Em janeiro de 2012, Andrea Bayão, procuradora federal do MP-RJ, ofereceu denúncia contra operadores do esquema de Furnas, no governo FHC. E quem estava citado lá? Obviamente não por acaso, a Bauruense e a Thoshiba, mencionadas também agora por Youssef, junto com o nome de Andrea Neves, no esquema de propinas para beneficiamento a Aécio Neves e outros políticos.

O deputado Rogério Correia (PT-MG), um dos deputados que entregou a documentação a Rodrigo Janot, questiona: “Se é fraude, o que o doleiro Alberto Youssef foi fazer na empresa Bauruense, que pagava mesadas a parlamentares?”, E mais:  “Se é fraude, por que o próprio Roberto Jefferson admitiu ter recebido recursos de Furnas?”

O deputado mineiro também soltou a seguinte nota, veja trecho:

“O apresentante do documento original, sr. Nilton Monteiro, foi processado pelo deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) em 2006. Em 2009 ele foi inocentado, por unanimidade, no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em sentença proferida pela então juíza Maria Luiza de Marilac Alvarenga Araújo (hoje, desembargadora). A razão para negar provimento à ação do deputado Aleluia está escrita lá: a lista é autêntica.

No dia 25 de Janeiro de 2012, a procuradora federal (MPF-RJ), Andrea Bayão, ofereceu denúncia contra vários operadores do “esquema de Furnas”, à época de FHC. Não por coincidência estavam lá as empresas Bauruense e Toshiba, mencionadas por Youssef, junto com o nome de Andréa Neves, no esquema de propinas que teria beneficiado o senador tucano. Dimas Toledo, denunciado pelo MPF nessa ação, foi indicado por Aécio Neves para a diretoria de Furnas. Youssef cita um diretor que seria apadrinhado pelo PP e por Aécio: só pode ser ele.

Lembremo-nos que o Diretório Nacional do PSDB contratou um perito americano, Larry F. Stewart, por R$ 200.000,00, para produzir um laudo sobre cópias xerox da Lista de Furnas. Duas lambanças. Primeiro, ao usar cópias xerox para desqualificar a autenticidade da lista original. Segundo contratar um perito que já fora preso em flagrante em um tribunal dos EUA, exatamente por falso testemunho acerca da autenticidade de documentos em outros processos.

O Diretório Estadual tucano tentou cassar meu mandato, solicitando ao Ministério Público Estadual a abertura de inquérito para apurar se eu teria participação no suposto ato de falsificação da afamada Lista de Furnas e se eu tinha usado a estrutura de meu gabinete parlamentar para isso. Foi aberto inquérito, pela Drª Raquel Pacheco Ribeiro Souza, para apurar a denúncia do PSDB. Fracassaram. O MPMG considerou, inclusive submetido ao seu Conselho Superior, após exaustivas apurações, que não se justificava o “prosseguimento das investigações, nem o ajuizamento de Ação Civil Pública” contra mim, impondo-se o “arquivamento” do Inquérito aberto. As razões: a Lista de Furnas era autêntica, inclusive sendo usada para inocentar Nilton Monteiro em outro processo e tinha o aval do INC da Polícia Federal; e, examinado o uso das verbas de meu gabinete, não restou provada qualquer participação minha em atos de improbidade administrativa. Segue, em PDF, a decisão do MPMG. (parte reproduzida do 247)

A Usina de Furnas foi a primeira hidrelétrica de grande porte do Brasil, com capacidade de 1.216 MW, implantada no rio Grande (MG) em 1958. Em 1963, através do Decreto Federal nº 41.066, a empresa Central Elétrica de Furnas começou a funcionar efetivamente, em Passos (MG). A documentação completa pode ser encontrada nesse site.

Veja reprodução de uma das folhas da Lista de Furnas:

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