miltonjung CC - rio tieteEm época de calamidade hídrica em São Paulo, chama atenção o montante gasto nos últimos 23 anos (sendo 20 comandados pelo PSDB) para despoluir o Rio Tietê. O governo de São Paulo torrou no rio, desde 1992, nada menos do que R$ 3,6 bilhões para manter o rio totalmente poluído. Esse talvez seja o maior escândalo ambiental do Brasil que ainda não foi investigado. Uma cidade cortada por um rio poluído e sem água.

Segundo a Sabesp, o Projeto Tietê teve início em 1992, com a assinatura de um contrato de empréstimo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). De lá para cá, foram muitos outros contratos de empréstimo, e nada resolvido. A última promessa de solução foi feita no dia 13 de dezembro, quando o governador  Geraldo Alckmin, assinou com o presidente francês, François Hollande, acordos de cooperação prevendo a troca de conhecimentos e tecnologias entre a Sabesp e a entidade daquele país responsável pela despoluição do rio Sena.

“Espero que não venha mais nenhuma promessa de milagre. Esses acordos são complicados, porque acho que temos todas as tecnologias e competência tecnológica na maior cidade da América do Sul para dar conta disso”, diz Álvaro Rodrigues, geólogo e ex-diretor do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) do Estado de São Paulo.

Antes do convênio com o governo francês, o Japão foi oferecido como a solução para todos os males do Tietê. Em 2000, ainda na administração Mario Covas, R$ 375 milhões foram emprestados pelo país asiático para o rebaixamento da calha. Mais tarde, já governador, Alckmin chegou a dizer que as marginais Pinheiros e Tietê nunca mais inundariam, fruto dessa obra, mas acabou desmentido pela chuva.

Em 2010 a Sabesp recebeu novo empréstimo de US$ 63 milhões da Agência de Cooperação Internacional do Japão para a construção de estações de tratamento de esgoto.

Passadas pouco mais de duas décadas desde o início do programa, o objetivo segue sendo justamente implementar a infraestrutura de coleta e tratamento de esgoto nas cidades atendidas pela Sabesp na Região Metropolitana. Até 2015, o investimento chegará a US$ 3,6 bilhões, nas chamadas primeira (1992-1998), segunda (2000-2008) e terceira fases.

A despoluição do principal rio paulista e de seus afluentes depende de vários fatores, diz a Sabesp, por meio de sua assessoria de imprensa, como “varrição e coleta de lixo; regularização de favelas e loteamentos clandestinos; combate o esgoto irregular; atuação das prefeituras nos municípios não operados pela Sabesp”.

Segundo a companhia, a terceira fase (2009-2016), em andamento, beneficiará 1,5 milhão de pessoas com rede de coleta, e tratamento para mais 3 milhões de pessoas. O investimento é de US$ 2 bilhões. A coleta subirá de 84% a 87% e o tratamento, de 70% a 84%. A quarta e última fase “vai garantir a universalização do saneamento nas áreas regulares atendidas pela Sabesp. Essa etapa está em fase de financiamento e estará concluída até o fim desta década”, informa a empresa.

“Não adianta só um grande sistema de coleta. Tem que ir levando esse sistema de coleta organizado e toda a infraestrutura à periferia”, diz Rodrigues dos Santos. (Carta Campinas com informações da RBA/Eduardo Maretti)