Algumas casas, árvores e linhas. Uma paisagem aparentemente simples, cujas formas e espacialidade dos objetos transmitem uma espécie de calma estática, algo como uma imobilidade, um instante de pausa. Paisagens quietas que parecem dar forma a uma imensa metáfora do universo que nos olha indiferente, nos chama para olhá-lo, e sempre está lá.

Dessa forma nos chega a arte de Dimas Garcia, que este mês ilustra o site Carta Campinas como parte do projeto Carta Campinas Visuais, na qual rapidamente se reconhece um estilo, um tom, uma forma de ver e representar, mas lentamente se constrói a contemplação e o impacto diante dela. Poucos traços, fortes cores. A imagem do artista surge limpa, lembrando aqueles procedimentos de esvaziamento em que chegando ao pouco se produz muito.

Natural de Promissão, em São Paulo, o artista, que hoje vive em Campinas, iniciou sua trajetória artística participando de um Salão em Limeira, onde recebeu a “Medalha de Honra ao Mérito”.

Mudou-se para Campinas em 1969 e integrou o Movimento Artista Plástico de Campinas, construindo uma amizade com todos os artistas do chamado Grupo Pós Vanguarda, formado por nomes como: Mário Bueno, Raul Porto, Geraldo Jürgensen, Eneas Dedecca, Maria Helena Motta Paes, Bernardo Caro, Francisco Biojone. Entre os amigos, Dimas ganhou a admiração de Thomaz Perina, que se tornou seu incentivador e orientador.

Realizou, ao longo dos seus 52 anos de carreira artística, 41 exposições individuais (apenas 11 em Campinas), 22 individuais simultâneas, 57 salões oficiais de arte, 18 exposições no exterior, 145 exposições coletivas, 137 palestras e oficinas de artes como arte educador e 162 organizações de eventos culturais, salões, panoramas, grupos de artistas e outros.

Dentre seus trabalhamos, destacamos essa tela que segue logo abaixo. Quase não há nada no espaço do quadro, os objetos e formas se reduzem a uma árvore amarela, algumas casas e uma linha a dividir a tela em dois planos. Essa linha, que sempre se repete e muitas vezes se multiplica em outras nos quadros de Dimas, parece representar a própria linha do horizonte, uma marca sutil a dividir a tela, compor a paisagem, fixar, ao mesmo tempo em que suspende o olhar. Mesmo sem mostrar quase nada, esse quadro parece ganhar uma intensidade muito grande quando preenche quase todo o espaço com a cor vermelha, representando a terra e o céu. Nesse vermelho, a paisagem toda parece incendiar-se por um instante, quente e parada. Como um arrastado dia seco. (Maura Voltarelli)

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