O professor Wilson de Figueiredo Jardim, do Instituto de Química (IQ) da Unicamp, afirma que punir o consumidor por gastar água é algo contestável tanto eticamente como não dá resultado na prática.

Wilson de Figueiredo Martins
Para Wilson Jardim, economia do consumidor é inócua

O período de estiagem historicamente anormal como o que está acontecendo atualmente tem levado vários municípios, inclusive Campinas, a instituir multas para pessoas flagradas desperdiçando água potável, como por exemplo, lavar calçadas. O consumidor acaba sendo culpado por ações não realizadas pelas empresas e governos que administram a distribuição da água tratada.
O professor Wilson disse ao próprio site da Universidade de Campinas que a necessidade de racionamento é uma realidade no momento. “Mas pergunto: até que ponto as empresas fornecedoras podem imputar um ônus financeiro ao consumidor, se elas próprias são responsáveis pela perda de 40% da água tratada no país? É um volume muito maior do que qualquer economia que possa ser feita pela população”, afirmou o docente responsável pelo Laboratório de Química Ambiental (LQA) ao site da Unicamp.
Ele ressalta que o consumo doméstico equivale a apenas 8% do consumo mundial de água doce (a agricultura responde por 70%) e considera que, por maior que seja a adesão da população, o reflexo será mínimo.
“O racionamento é uma questão de educação e cidadania, de preocupação ambiental, e não de punição”, disse.
Segundo informa o site, o professor Wilson Jardim mostra os dados de 2011 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), acerca de 26 prestadores de serviços de maior porte e de abrangência local.
Os dados apontam um índice médio de 37,2% de perdas na distribuição. “A Sanasa [Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento] está comemorando a redução das perdas para 20% em dez anos, que é realmente importante – Macapá perde mais de 70%. Mas o consumidor de Campinas precisa saber que esses 20%, perdidos antes da água chegar à sua casa, dariam para lavar quilômetros de calçadas.”
Para professor da Unicamp, a redução das perdas só pode ser conseguida com uma gestão adequada. (Carta Campinas com informações de divulgação)